Uma das grandes
preocupações do meu pai, quando era pequeno, era fazer-me compreender o quanto
a cortesia é importante na vida. Por várias vezes percebi o quanto lhe
desagradava o hábito que certas pessoas têm de interromper quando alguém está a
falar. Eu incidia muitas vezes nesse erro. E, embora visivelmente aborrecido,
ele nunca ralhou comigo, o que me surpreendia bastante.
- Estás a ouvir
alguma coisa além do canto dos pássaros?
Apurei o ouvido
alguns segundos e respondi:
- Estou a ouvir
o barulho de uma carroça que deve estar a descer pela estrada.
- Isso mesmo...
É uma carroça vazia...
De onde
estávamos não era possível ver a estrada e eu perguntei admirado:
- Como podes
saber que está vazia?
- É muito fácil
saber. Sabes por quê?
- Não! - respondi
intrigado.
O meu pai pôs as
mãos nos meus ombros, olhou bem no fundo dos meus olhos, e explicou:
- Por causa do
barulho que faz. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.
Não disse mais
nada, porém deu-me muito em que pensar.
Tornei-me adulto
e, ainda hoje, quando vejo uma pessoa tagarela e inoportuna, interrompendo
intempestivamente as conversas, ou quando eu, por distracção me vejo prestes a
fazer o mesmo, ouço a voz de meu pai que, na clareira do bosque, me ensinou:
''Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz..''
[AUTOR DESCONHECIDO]
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