A PENITÊNCIA PARA FORTALECER OU RESTAURAR A GRAÇA DO BAPTISMO
I. RITOS INICIAIS
Cântico de Entrada
Saudação
P- Em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos:
Ámen.
P- A graça
de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo
estejam convosco.
Todos:
Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.
Oração
P- Irmãos: Uma relação muito particular liga o Batismo, com a
Quaresma! A Quaresma é, para alguns catecúmenos, o tempo final da sua
preparação próxima, para o Batismo, Crisma e Eucaristia, na noite de Páscoa.
Para nós, que já somos batizados, a Quaresma é um tempo destinado à
redescoberta do Batismo! Vivemo-la, sobretudo, como “um momento favorável, para experimentar a Graça que salva” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma 2011,1),
particularmente, através do Sacramento da Penitência ou Reconciliação, que é,
para nós, como que uma «segunda tábua de
salvação depois do Batismo» (Prefácio da Quaresma VI). Assim, a nós, que
fomos regenerados pelas águas do batismo, é-nos concedida a graça de voltarmos
à beleza e à riqueza do batismo e ao banquete do amor, pelas lágrimas da
conversão. Neste sentido, “o caminho de
conversão, rumo à Páscoa, leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos
nesta Quaresma o acolhimento da Graça, que Deus nos concedeu naquele momento,
para que ilumine e guie todas as nossas ações” (Bento XVI, Mensagem para a
Quaresma 2011,3). Oremos, para que, pela penitência, voltem de novo à graça do Batismo,
os que por seus pecados a esqueceram.
Ajoelhai-vos (ou: Inclinai-vos diante de Deus)
E todos oram em silêncio
durante alguns momentos.
Levantai-vos!
P- Guardai, Senhor, com a vossa infinita bondade, aqueles que lavastes
nas águas do Batismo, para que se alegrem com a vossa ressurreição, os que
foram remidos pela vossa paixão salvadora. Vós que sois Deus com o Pai na
unidade do Espírito Santo.
Todos: Ámen.
II. CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Leitura da Primeira Epístola de São João
Meus
filhos:
Esta é a mensagem
que ouvimos de Jesus Cristo
e vos
anunciamos:
Deus é Luz,
e n’Ele não há trevas.
Se
dissermos que não temos pecados,
enganamo-nos
a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
Se
confessamos os nossos pecados,
Ele é fiel
e justo para nos perdoar os nossos pecados
e nos
purificar de toda a maldade.
Se
dissermos que não pecámos,
fazemos
d’Ele um mentiroso,
e a sua
palavra não está em nós.
Meus
filhos,
escrevo-vos
isto, para que não pequeis.
Mas se
alguém pecar,
nós temos
Jesus Cristo, o Justo,
como
advogado junto do Pai.
Palavra do
Senhor.
Todos:
Graças a Deus!
Salmo Responsorial 50 (51):
Refrão: Pecámos, Senhor, tende piedade de nós.
Compadecei-Vos
de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa
grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de
toda a iniquidade
e
purificai-me de todas as faltas.
Porque eu
reconheço os meus pecados
e tenho
sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei
contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal
diante dos vossos olhos.
Criai em
mim, ó Deus, um coração puro
e fazei
nascer dentro de mim um espírito firme.
Não
queirais repelir-me da vossa presença
e não
retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de
novo a alegria da vossa salvação
e
sustentai-me com espírito generoso.
Abri,
Senhor, os meus lábios,
e a minha
boca cantará o vosso louvor!
Cântico da Aclamação antes do Evangelho: Louvor a Vós (ou outro)…
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São João
No decorrer
da ceia,
tendo já o
Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão,
a ideia de
O entregar,
Jesus levantou-Se
da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura.
Depois,
deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos
e a
enxugá-los com a toalha que pusera à cintura.
Quando
chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe:
«Senhor, Tu
vais lavar-me os pés?».
Jesus
respondeu:
«O que
estou a fazer, não o podes entender agora,
mas
compreendê-lo-ás mais tarde».
Pedro
insistiu:
«Nunca
consentirei que me laves os pés».
Jesus
respondeu-lhe:
«Se não tos
lavar, não terás parte comigo».
Simão Pedro
replicou:
«Senhor,
então não somente os pés,
mas também
as mãos e a cabeça».
Jesus
respondeu-lhe:
«Aquele que
já tomou banho está limpo
e não
precisa de lavar senão os pés.
Vós estais
limpos, mas não todos».
Jesus bem
sabia quem O havia de entregar.
Foi por
isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos».
Depois de
lhes lavar os pés,
Jesus tomou
o manto e pôs-Se de novo à mesa.
Então
disse-lhes:
«Compreendeis
o que vos fiz?
Vós
chamais-Me Mestre e Senhor,
e dizeis
bem, porque o sou.
Se Eu, que
sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés,
também vós
deveis lavar os pés uns aos outros.
Dei-vos o
exemplo,
para que,
assim como Eu fiz, vós façais também».
Palavra da
salvação.
Todos:
Glória a Vós, Senhor!
Homilia – Reflexão
«Aquele que já tomou
banho está limpo
e não precisa de lavar
senão os pés, pois todo ele está puro!»
(Jo.13,10)
Que significa isto? Neste contexto, o lava-pés remete para um costume
da vida da Igreja primitiva. De que se trata? O banho completo pressuposto só
pode referir-se ao Baptismo, pelo qual o homem é imerso de uma vez por todas em
Cristo e recebe a sua nova identidade de ‘ser em Cristo’. Este processo fundamental,
no qual não somos nós que nos fazemos cristãos, mas nos tornamos cristãos, graças
à acção do Senhor, na sua Igreja, através do Baptismo, é irrepetível!
Mas na vida dos cristãos, para a comunhão convivial com o Senhor, tal
processo tem necessidade incessante de uma assimilação: «o lava-pés». De que se trata então? Não existe uma resposta
absolutamente segura. Mas parece-me que a 1ª Carta de São João nos colocava na
pista justa e nos indica qual é o significado. Recordemos o que diz o texto:
“8Se
dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em
nós. 9Se confessamos os nossos pecados,
Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a
iniquidade. 10Se dizemos que não somos
pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (I Jo.1,8-10).
Uma vez que também continuam a ser pecadores, os baptizados têm
necessidade daquela confissão dos pecados, que nos «purifica de toda a iniquidade».
A palavra «purificar» cria a
ligação íntima com o texto do lava-pés. Sabemos que, desde muito cedo, a
confissão dos pecados era parte da vida das comunidades cristãs (cf. Tg. 5,16 e Didaché
4,14), e que
antes da celebração da Eucaristia, havia uma breve confissão pública individual.
Seguramente, nesta confissão dos pecados, não se pode ainda
identificar o sacramento da Penitência, tal como ele haveria de desenvolver-se
no decurso da história da Igreja, mas por certo, «uma etapa rumo a ele».
No fim de contas, o núcleo é este: a culpa não deve continuar a
infectar veladamente a alma, envenenando-a a partir de dentro. A culpa precisa
de confissão. Através da confissão, trazemo-la à luz, expomo-la ao amor
purificador de Cristo (Jo.3,20-21).
Na confissão, o Senhor lava sempre de novo os nossos pés sujos e
prepara-nos para a comunhão convivial com Ele” na Eucaristia.
(cf. JOSEPH RATZINGER – BENTO XVI, Jesus de Nazaré, Parte II: Da
Entrada em Jerusalém até à Ressurreição, Ed. Principia, 2011, 66-69), Parede
2011, 66-69)
Exame de consciência
Deve guardar-se sempre um
tempo de silêncio, a fim de cada um poder fazer o exame de consciência de modo
mais pessoal. Faça-se, de modo particular, um exame acerca das promessas do Batismo, que se renovam na noite pascal.
EXAME DE CONSCIÊNCIA À LUZ DA RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS BAPTISMAIS
Renuncio ao pecado, para viver na liberdade dos filhos de Deus? Isto é, evito, com
determinação, as ocasiões e situações de pecado? Sou verdadeiramente livre, nas
minhas palavras, nas minhas escolhas e nos meus gestos? Ou deixo-me influenciar
pela opinião dominante, pelo modo e moda de pensar e de viver do comum das
pessoas?
Renuncio às seduções do mal, para que o pecado não me escravize? Estou dominado por algum
vício, por algum mau hábito, por alguma dependência? Estou dominado pela
pressa, sem tempo para os outros? Estou demasiado ocupado pela TV ou pela
Internet, sem um olhar crítico e seletivo, querendo ver tudo o que me é
oferecido?
Renuncio a Satanás, que é autor do mal e pai da mentira? Isto é, renuncio a tudo
o que me separa de Deus e me divide por dentro? Renuncio a viver uma vida de
mentira e de aparência(s)?
É necessário dizer "não" à cultura da morte, que se manifesta, por exemplo, na
fuga do real para uma felicidade falsa; no engano, na injustiça, no desprezo do
próximo, na falta de solidariedade e de responsabilidade pelos pobres e pelos
que sofrem; numa sexualidade, que se torna puro divertimento e sem
responsabilidade. A esta promessa de aparente felicidade, dizemos
"não", para cultivar a cultura da vida.
Creio em Deus, Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra? Ou tenho falsos deuses,
a que me entrego, através das superstições, práticas de bruxaria e magia? Rezo,
a Deus, como seu filho (a)? Rezo com confiança e amor? Confio-me a Deus?
Creio em Jesus Cristo, seu Único Filho, Nosso Senhor? Ou tenho outros
senhores, que comandam a minha vida, como o dinheiro, o trabalho, o carro ou a
fama?
Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja, na ressurreição e na vida
eterna?
Vivo a minha fé, em comunidade, ou isolo-me no meu mundo? Vivo a minha fé, com
alegria e esperança? Ou tenho uma fé adormecida e triste? Comprometo-me na
missão da Igreja e no melhoramento do mundo, ou contento-me com o mínimo, numa
vida superficial e sem exigência?
Dizemos três vezes «sim»: "Sim" ao Deus vivo;
"Sim" a Cristo, um Deus que tem um nome; "Sim" à comunhão
da Igreja, na qual Cristo é o Deus vivo, que entra no nosso tempo, entra na
nossa profissão, entra na vida de todos os dias. Deixemo-lO perscrutar e
purificar o nosso coração. E assim renovar a nossa Vida baptismal!
III. ACTO PENITENCIAL
P- Chegou,
irmãos, o tempo favorável,
chegou o dia
em que Deus oferece a salvação aos homens,
em que a
morte é destruída e a vida eterna começa (…).
Venha em
socorro de todos nós
a
misericórdia do Senhor,
que pedimos
e imploramos de coração arrependido. (…)
Então, o sacerdote asperge os presentes com água benta, enquanto todos cantam um
cântico apropriado, por exemplo:
Cântico: Como o veado anseia….
(ou outro, por exº: Aspergi-me, Senhor, com o hissope e ficarei puro, lavai-me
e ficarei mais branco do que a neve).
P- Senhor
nosso Deus,
que em
vossa grande bondade criastes o homem,
por vossa
infinita misericórdia o renovastes,
e depois de
perder a felicidade eterna,
o remistes
pelo sangue do vosso Filho,
enviai,
pelo Espírito Santo,
um novo
sopro de vida
sobre os
que não desejais ver mortos,
e acolhei como
penitentes,
os que não
abandonastes quando pecadores.
Deixai-Vos
mover, Senhor,
pela
confissão humilde e confiante destes vossos filhos:
Curai-os
das feridas das suas faltas,
e estendei
sobre eles, agora prostrados,
a vossa mão
salvadora.
Que o Corpo
da vossa Igreja,
não se veja
diminuído de nenhum dos seus membros,
nem o vosso
rebanho sofra nenhuma perda,
nem a
segunda morte tenha poder
sobre os
que renasceram da água do Batismo.
Por isso, a
Vós, Senhor,
apresentamos
as nossas humildes preces
e as
lágrimas do nosso coração.
Perdoai aos
que a Vós confessam as suas faltas;
não
permitais que tornem a ser feridos pelo pecado
aqueles
que, do erro,
voltaram
aos caminhos da santidade;
Fazei que
se mantenham sãos e salvos para sempre
aqueles
que, no Batismo, a vossa graça fez reviver
e que, pela
penitência, a vossa misericórdia renovou.
Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
Todos: Ámen.
Cântico: Vós que fostes batizados em Cristo… (ou o anterior,
ou outro)
IV. CELEBRAÇÃO DA
RECONCILIAÇÃO, COM CONFISSÃO INDIVIDUAL
P- “Irmãos: O período quaresmal é momento favorável para
reconhecer a nossa debilidade,
acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da
Penitência e caminhar com decisão para Cristo” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma 2011,3). Com verdade e de todo o coração, confessemos, de
modo individual, junto do ministro da Reconciliação, os nossos pecados. Não
tenhamos medo: «O Senhor está diante de
nós, como Aquele que, por nós Se fez Servo, que carrega o nosso peso, dando-nos
assim a verdadeira pureza, a capacidade de nosso aproximarmos de Deus» (JOSEPH RATZINGER – BENTO XVI, Jesus de Nazaré, Parte II,
69).
V. RITOS DE CONCLUSÃO
P- O Senhor
esteja convosco.
Todos: Ele
está no meio de nós.
P- Abençoe-vos
Deus todo-poderoso,
Pai, Filho
e + Espírito Santo.
Todos: Ámen.
P- Ide em
paz e o Senhor vos acompanhe.
Todos: Graças
a Deus.
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